domingo, 10 de abril de 2011

Bakhtin sob o olhar de Richard Morse

"A linguagem, quando examinada dentro de uma persepctiva ampla, que leve em conta cadência e timbre, léxico e sintaxe, idiomatismos e imagística, oferece ao historiador algumas das pistas mais ricas que há para o estudo da experiência social. Pois a linguagem registra a gama completa da atividade e visão de um povo; consagra tradições e abre lugar para questões do momento; é usada e moldada por todos, plebeus e patrícios, analfabetos e eruditos; transcreve a sociedade num panorama difuso e numa visão detalhada. Em qualquer momento histórico, a linguagem é heteroglota de alto a baixo. Ela representa a coexistência de contradições sócio-ideológicas entre presente e passado, entre diferentes épocas passadas, entre os diversos grupos ideológicos de hoje, entre tendências, escolas e círculos, e representa tudo isso em forma tangível. Sartre observou que as instruções que funcionam como padrão da vida comum não são autônomas. Elas necessariamente atuam sobre projeções espontâneas que visam objetivos pessoais. A linguagem é o caso por excelência em que a inteção pessoal viva transcende a regra, porém o faz apenas com base no uso. A família, a classe e a cultura comum moldam as expectativas do indivíduo ao mesmo tempo em que promovem a transcendência. A partir de tais contextos, a afirmação individual dá forma à espécie humana. Conseqüentemente, a linguagem é estruturada não por leis, mas pelo uso." (MORSE, R. A volta de McLuhanaína [p. 24])

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