domingo, 27 de março de 2011


Para Bakhtin e seu círculo, a linguagem está ligada intimamente à Enunciação, esse evento discursivo que envolve sujeitos, lugares, tempos e valores. Somente a partir desses elementos é possível se pensar em sentido, em significação.Todas essas questões estão na “ordem do dia”, na “ordem discursiva” acadêmica e pedagógica atual, nos intrigando, nos provocando, nos intimando a pensar sobre o mundo e as sociedades que nele vivem, sobrevivendo, na maioria das vezes, a pestes, guerras, catástrofes, invasões (quase sempre bárbaras...). O homem, no entanto, mais que simplesmente um ser biológico, psicofisiológico, é um ser social, político e ideológico, cultural, que não se esgota em seu ser, não acaba em si, mas, ao contrário, começa no OUTRO, que (in)completa seu EU. Eis a base do pensamento bakhtiniano: a interação social entre um eu e um outro, o diálogo, o que nos constitui em corpo social, em grupo, e nos singulariza sócio-historicamente.
O pensador russo, Mikhail Bakhtin (1895 – 1975), postulou um dos principais conceitos que marcaram a passagem do século XX para o XXI, nas ciências da linguagem, em particular, e nas ciências humanas, de maneira mais geral. Trata-se do princípio do DIALOGISMO, que postula a não existência de uma linguagem, seja como sistema, estrutura ou forma, per si e para si. A linguagem não existe per si, porque, como propõe Voloshinov (1926), ela é não auto-suficiente. Isto significa que não há, para o círculo bakhtiniano, um funcionamento lingüístico autônomo, independente de sujeitos, falantes e ouvintes, história, cultura e ideologia. A linguagem também não existe para si mesma. Ela não é autóctone, auto-evolutiva, cujos fins se esgotam nela mesma.